Proteínas, de inimigas a aliadas no tratamento da DRC.

Proteína e Saúde Renal

A relação entre o consumo de proteína e a saúde renal sempre gerou controvérsias e preocupações, especialmente em relação às populações com doença renal crônica (DRC). Segundo a crença popular, o consumo excessivo de proteína poderia ser prejudicial aos rins, causando sobrecarga nesses órgãos e acelerando o processo de deterioração renal, principalmente em indivíduos que já sofrem com problemas renais.

Com base nessa ideia, muitos especialistas e profissionais de saúde recomendam que as pessoas com DRC limitem a ingestão de proteína para proteger a função renal e evitar complicações adicionais. No entanto, novas pesquisas têm levantado questões sobre essa percepção tradicional, sugerindo que a relação entre a ingestão de proteína e saúde renal pode não ser tão simples quanto se pensava.

Um estudo recente sobre proteína e saúde renal (PMID: 30383278) desafiou a ideia de que uma dieta rica em proteínas seja prejudicial aos rins. Em vez disso, indicou que a proteína pode não ser, de fato, um vilão quando se trata de saúde renal, e que uma ingestão adequada pode até ter efeitos benéficos em pessoas com doença renal crônica.

Outro estudo recente (PMID: 39110456), que investigou a ingestão de proteínas e o risco de mortalidade entre idosos com DRC leve a moderada, trouxe resultados ainda mais reveladores e contrários à crença popular.

O estudo comparou os idosos com DRC com aqueles sem DRC e analisou o impacto da ingestão de proteína na longevidade desses indivíduos. Os resultados mostraram que, tanto em pessoas com DRC quanto em pessoas sem DRC, uma ingestão maior de proteína estava associada a uma redução no risco de mortalidade, um achado surpreendente que desafia as recomendações tradicionais de restringir o consumo de proteína.

Os pesquisadores descobriram que, para as pessoas com DRC, o consumo de 1,6g de proteína por quilograma de peso corporal por dia estava associado a uma redução de 33% no risco de mortalidade em comparação com uma ingestão de apenas 0,8g/kg por dia. Além disso, o estudo apontou que a cada aumento de 0,2g/kg na ingestão total de proteína, o risco de morte diminuía em 8%.

Os dados mostraram uma resposta muito semelhante entre as pessoas saudáveis. Para este grupo, consumir 1,6g/kg de proteína foi associado a uma redução de quase 50% no risco de mortalidade, com uma redução adicional de 15% no risco para cada aumento de 0,2g/kg na ingestão de proteína.

Outro aspecto interessante desse estudo foi a distinção entre fontes de proteína. Tanto a proteína animal quanto a vegetal foram associadas a uma redução no risco de mortalidade. Para indivíduos com DRC, cada aumento de 0,2g/kg de proteína animal foi relacionado a uma redução de 12% no risco de morte, enquanto a proteína vegetal teve um efeito ainda mais significativo, com uma redução de 20% no risco.

Entre as pessoas saudáveis, a proteína animal também demonstrou benefícios, com uma redução de 11% no risco para cada aumento de 0,2g/kg, mas foi a proteína vegetal que apresentou os resultados mais marcantes, com uma redução de 39% no risco para cada aumento da mesma quantidade de proteína.

Também foi observado que os efeitos benéficos da ingestão de proteína foram mais evidentes entre os indivíduos mais velhos, com mais de 75 anos. No entanto, isso não significa que os jovens não tenham se beneficiado, já que a redução do risco de mortalidade também foi significativa, embora em menor escala.

Esse achado reforça a importância de consumir proteína suficiente ao longo da vida, não apenas para a saúde renal, mas também para a saúde geral e a longevidade, já que o envelhecimento está associado à perda de massa muscular e outras condições que podem ser minimizadas com a ingestão adequada de proteína.

Esses resultados fornecem novas evidências sobre a questão da proteína e saúde renal, além da longevidade, particularmente em indivíduos com doença renal crônica. De acordo com o estudo, o consumo adequado de proteína não apenas não prejudica a função renal em pessoas saudáveis, como também pode ter efeitos protetores em indivíduos com DRC, melhorando a expectativa de vida e reduzindo o risco de complicações relacionadas à doença.

As evidências apontam para a importância de se ajustar a ingestão de proteínas, levando em conta fatores como a saúde renal, a idade e as necessidades nutricionais individuais. Além disso, é crucial que as fontes de proteína sejam variadas e equilibradas, para garantir que o corpo receba todos os aminoácidos essenciais necessários para o funcionamento ideal.

Estes estudos fazem parte de uma crescente linha de pesquisa sobre proteína e saúde renal que questiona as diretrizes tradicionais de restrição proteica em pacientes com DRC. Em vez de promover a restrição severa, esses novos dados sugerem que a ênfase deve ser dada a uma ingestão adequada e balanceada de proteínas, tanto de fontes animais quanto vegetais.

Esse equilíbrio pode ser fundamental para a saúde renal e para a longevidade geral, desafiando as crenças anteriores de que a proteína seria uma inimiga dos rins. O estudo sugere que a proteína, quando consumida de forma balanceada, pode ser um aliado importante na manutenção de uma vida saudável e longa.

Em resumo, os dados mais recentes sobre proteína e saúde renal indicam que a proteína não é prejudicial aos rins em indivíduos saudáveis, e, ao contrário, pode ser um fator importante na manutenção da saúde e no aumento da expectativa de vida, especialmente para aqueles com DRC leve a moderada.

Os estudos reforçam a importância de uma dieta bem equilibrada, com uma ingestão adequada de proteínas, para promover uma vida mais longa e saudável, desafiando antigas concepções e abrindo novas possibilidades para o manejo da doença renal crônica. A proteína, longe de ser um vilão, deve ser encarada como uma aliada na prevenção e no tratamento de várias condições de saúde, incluindo a DRC, desde que consumida de maneira responsável e adequada.

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